domingo, julho 30, 2006

O velho do espelho

Por acaso, surpreendo-me no espelho: quem é esse
Que me olha e é tão mais velho do que eu?
Porém, seu rosto...é cada vez menos estranho...
Meu Deus, Meu Deus...Parece
Meu velho pai - que já morreu!
Como pude ficarmos assim?
Nosso olhar - duro - interroga:
"O que fizeste de mim?!"
Eu, Pai?! Tu é que me invadiste,
Lentamente, ruga a ruga...Que importa? Eu sou, ainda,
Aquele mesmo menino teimoso de sempre
E os teus planos enfim lá se foram por terra.
Mas sei que vi, um dia - a longa, a inútil guerra!-
Vi sorrir, nesses cansados olhos, um orgulho triste...

Mário Quintana

terça-feira, julho 11, 2006

O Oleiro

Eu fui ao Memorial da América Latina para a abertura do 1o. Festival de Cinema Latino-Americano de São Paulo. O Memorial para mim é uma lembrança de colégio, todos os anos íamos lá para o concerto do Maestro Eliezer de Carvalho quando eu morava aqui, e o concerto era sempre na sala onde foi a exibição do primeiro filme da mostra. Só voltei lá depois disso numa excursão com o colégio para visitar a Bienal do redescobrimento, isso já em 2000, cinco anos depois. E ontem.
A primeira vez que ouvi falar a respeito de Eduardo Galeano, na verdade li a seu respeito, foi no livro de História do 3o. ano, do mesmo ano 2000, onde havia uma foto da escultura da mão sangrando do memorial e cuja legenda relacionava-a a um tal livro chamado As veias abertas da América Latina de um tal Eduardo Galeano. E os dois na minha cabeça acabaram associados.
Depois disso ouvi e li várias citações do Galeano e nunca mais tinha estado no Memorial. Talvez seja culpa dessa associação feita pelo meu cérebro, mas o que mais me marcou no filme a que assisti foi uma citação do moço. Não saiu da minha cabeça. A beleza da imagem, da relação do homem com seu trabalho, sua arte, do reaproveitamento, do aprender com o outro. Para mim é algo antropofágico sem antropofagia... Na verdade é só viagem minha...

À beira-mar, o oleiro se aposenta, em seus anos finais. Seus olhos se cobrem de névoa, suas mãos tremem: chegou a hora do adeus. Então acontece a cerimônia de iniciação: o oleiro velho oferece ao oleiro jovem sua melhor peça. Assim manda a tradição, entre os índios do noroeste da América: o artesão que se despede entrega sua obra-prima ao artesão que se apresenta. E o oleiro jovem não guarda esta peça perfeita para contemplá-la e admirá-la: a espatifa contra o solo, a quebra em mil pedaços, recolhe os pedacinhos e incorpora à sua própria argila.” Eduardo Galeano – “Janela sobre a Memória” in As Palavras Andantes

quinta-feira, julho 06, 2006

O Corcunda de Notre Dame





É ou não é???

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